Rita Lages Rodrigues

Carne e pedra: mulheres artistas na cidade

A presença e a atuação de mulheres artistas em Belo Horizonte entre o final do século XIX e a década de 1970 atuam como dispositivos para as reflexões sobre relações entre arte, gênero, cidade e novas perspectivas epistemológicas no século XXI.

Partindo das trajetórias de artistas como Jeanne Louise Milde, Zina Aita, Maria Helena Andrés, Teresinha Soares, Yara Tupinambá, entre outras, a proposta busca compreender como essas mulheres ocuparam, reinventaram e disputaram os espaços simbólicos e materiais da cidade. A cidade é entendida como território de práticas estéticas e políticas, onde os corpos femininos, suas imagens e produções artísticas desafiaram normas de gênero, códigos morais e os limites entre o público e o privado.

As práticas dessas artistas, muitas vezes marginalizadas pelas narrativas hegemônicas da história da arte, reconfiguram os modos de fazer, ver e pertencer no espaço urbano. Suas ações revelam formas específicas de estar no mundo, modos de subjetivação e estratégias de visibilidade, dando corpo às multiplicidades que constituem a experiência feminina na arte.

Ao articular memória, espaço e criação, busca-se contribuir para a construção de uma história da arte plural, crítica e sensível, enraizada nas complexidades do território mineiro e em diálogo com outras geografias do contemporâneo.