Lilian Panachuk de Sá

Imagens em Disputa: A Arqueologia e as Políticas da Visualidade no Presente

A arqueologia, tradicionalmente associada à escavação de ruínas e à recuperação de vestígios materiais, tem passado por profundas transformações em sua imagem e relevância perante a sociedade contemporânea. Em tempos marcados por intensas disputas políticas e reconfigurações identitárias, a disciplina deixou de ser vista apenas como um campo técnico ou puramente científico e tornou-se, cada vez mais, um espaço de diálogo crítico entre passado, presente e futuro.

A visualidade da arqueologia - composta por objetos, fotografias, mapas, reconstruções digitais e exposições museológicas - revela não apenas o que foi deixado pelas populações antigas, mas também aquilo que hoje se escolhe recordar, valorizar ou silenciar. As imagens arqueológicas são, portanto, políticas: moldam narrativas históricas, legitimam pertencimentos e influenciam debates sobre patrimônio, memória e reparação.

Num mundo hiper conectado, no qual as imagens circulam velozmente pelas redes sociais, a arqueologia ganha nova visibilidade, tornando-se ferramenta tanto de conscientização quanto de controvérsia. Descobertas que antes ficavam restritas ao meio acadêmico agora têm o potencial de sensibilizar grandes públicos, mas também de serem apropriadas para fins ideológicos. Isso exige dos profissionais em arqueologia uma postura ética, capaz de reconhecer as implicações de suas escolhas visuais e discursivas.

Assim, refletir sobre as políticas da imagem em arqueologia nos convida a repensar o papel da disciplina na construção de futuros mais inclusivos, atentos às múltiplas vozes que compõem o mosaico da experiência humana.