Patrícia Dias Franca-Huchet

Visualidade e antropologia: razões para caminhar juntos

O universo da antropologia do visual é recente e por isso se mostra ainda um campo fértil e aberto. Ainda não há uma definição exata para esta denominação, mas sabemos que há um ímpeto e um desejo de investi-lo, visto que o termo agrega interesses e pesquisas transdisciplinares de horizontes diversos. Mas um ponto se mostra cintilante: o visual como campo, estudo, técnica, ensino e formas de publicação. Unindo estes dois saberes — a antropologia e o visual — observamos que ambos os campos se encontram fertilizados e produtores de novas investigações.

Para esta apresentação, vamos observar como as imagens, em sua grande capacidade de mostrar formas visuais, como a fotografia, o cinema, a televisão, imagens populares, cartazes e, atualmente, as redes sociais em suas interconexões, são capazes de nos ensinar, até mesmo sobre o que não é visual em nossa sociedade.

Mostraremos, para elucidar nossa apresentação, o jornal Antígona Imagem da Imagem, pesquisa realizada entre os anos de 2017 e 2022 e impresso em 2025. A narrativa foi um dispositivo muito relevante neste contexto; sabemos que grande número de artistas a utilizam como plano afirmado para trabalhar com o dentro/fora da arte. Nas últimas décadas, a narrativa estruturou um expressivo número de objetos culturais.

Esses objetos, íntimos do ambiente cultural e social, demonstram grande proximidade com a antropologia, que aprofunda a orbe da função narrativa produzindo o retorno da memória e da cultura em processos subjetivos; objetos que colocam em cena conflitos e comportamentos, quase sempre envolvendo questões que ultrapassam amplamente o campo artístico.