
Pedro Rocha de Almeida e Castro
Contra-Arquivos da Terra: Arte Indígena Contemporânea, Colonialismo e a origem do Antropoceno
Nesta apresentação vamos discutir possíveis interseções entre arte, (anti)colonialismo e o antropoceno, a partir da produção de alguns artistas indígenas da atualidade. Em nossa leitura, a arte indígena contemporânea evidencia a profunda relação, nem sempre reconhecida pelo discurso ambientalista ocidental, entre o colonialismo e o antropoceno.
Dentre tantas interpretações possíveis, entendemos essas obras como representações visuais daquilo que alguns pesquisadores do clima afirmam de outra forma: que a conquista das Américas marca não apenas o início da colonização, mas também representa um ponto de inflexão ambiental global e um possível "marco zero" do antropoceno.
Os artistas indígenas contemporâneos operam através desta "fratura", e suas práticas artísticas frequentemente funcionam como formas de denúncia e de resistência epistêmica. Suas obras não apenas documentam as transformações ambientais, mas também oferecem perspectivas alternativas sobre a relação entre humanos e não-humanos, em uma visão que contrasta radicalmente com a ontologia ocidental que sustenta a crise climática atual.
A arte indígena contemporânea assim se torna um testemunho vivo das violências coloniais e ambientais, ao mesmo tempo em que propõe outras formas de habitar e pensar o mundo. Ela questiona as próprias categorias de "natureza" e "cultura" que fundamentam o pensamento ocidental, evidenciando possibilidades que precedem e excedem essas divisões.
Trabalho no Evento
Dia e Hora: 27 de Agosto — 11h00 às 13h00 (Mesa 3)
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